Empresários de Juruaia, polo da moda íntima de Minas, incrementam produção atentos ao mercado externo
Pensar e produzir moda. Foi com essa ideia que o Sebrae-MG implantou em Juruaia, no Sul de Minas - maior produtora de lingerie do Estado, um projeto de apoio e incentivo à produção de peças íntimas com foco no mercado externo. Em curso há pouco mais de seis meses, o principal objetivo é fortalecer as marcas próprias, ampliar os canais de venda direta e concorrer, em igualdade, com marcas famosas que dominam grande parte do mercado nacional e internacional.
O programa também tem como objetivo o investimento na chamada moda rápida, negócio atrativo e em expansão que envolve, entre outros aspectos, o lançamento de coleções mais dinâmicas e rápidas, o desenvolvimento de produtos inovadores e uma gestão mais eficiente da cadeia de suprimentos para a moda íntima. "O foco dos empresários passa a ser a valorização dos produtos dentro da cadeia produtiva, valorizando a qualidade de tecidos e modelagens, que devem sempre acompanhar as tendências do mercado mundial", acrescenta a analista de Indústria do Sebrae-MG Thaís Pinho Kayacan.
A empresária, proprietária da Art Stilo Moda Íntima, Simone Marques Mariano, foi uma das que aderiram ao programa de incentivo. Segundo ela, que reforça a importância da qualidade das peças num cenário tão concorrido como o da moda íntima, o objetivo maior é estar sempre à frente, pensando nas tendências como um impulso para uma produção de qualidade. "É uma oportunidade de mudar em todos os sentidos, do pensamento à concretização da ideia que se tem de moda", opina.
Com uma produção média mensal de 30 mil peças, a Art Stilo tem um foco bem definido: a capacitação dos funcionários. O exemplo vem de cima. A proprietária Simone Marques faz curso de MBA em Gestão Empresarial e planeja uma organização mais complexa dos funcionários. "Não vale apenas trabalhar em larga escala e ter produtos que num primeiro momento tenham boa qualidade e realmente agradem. É preciso investir em profissionais especializados que estejam por dentro da moda, em matérias-primas de boa qualidade e num nível de produção avançado, para suprir as necessidades do mercado", afirma.
A analista de Indústria do Sebrae-MG explica ainda que a intervenção na moda de Juruaia, iniciada em dezembro de 2010, tem como foco desenvolver as necessidades urgentes dos empresários. "Percebemos que havia uma necessidade grande de organização em termos de moda e que precisávamos desenvolver uma metodologia com foco competitivo", detalha.
Segundo Thaís, o foco dos trabalhos é a produção de moda visando o consumidor final. "E m Juruaia, a maior parte das vendas é feita por intermédio de consultoras. Isso reduz muito o contato entre o consumidor e o empresário, que acaba perdendo o feed back da produção", comenta.
Os empresários participantes recebem do Sebrae-MG cursos, palestras, workshops, tudo para garantir o melhor aproveitamento dos produtos e serviços já prestados. De acordo com a técnica do Sebrae-MG da Microrregião de São Sebastião do Paraíso, Eucília Paulinelli, o resultado é uma melhoria visível na maneira de ver o mercado da moda íntima, o que reflete diretamente na produção. "O que muda é a maneira de ver a moda, não somente com algo feito para um público determinado, mas como algo mais abrangente, que atenda a todos os públicos", diz. Eucília completa: "Se fazer moda é estar de olho em todas as etapas, da produção à venda, então é isso que iremos priorizar".
Nilva Machado Trindade, proprietária da Laniclê Lingerie, que existe há 15 anos, também participa do programa. Com uma produção média de 25 mil peças por mês, a ideia, segundo ela, é aumentar a capacidade produtiva e diversificar a produção. "Com esse apoio, participamos de cursos de moda e modelagem, além de palestras e workshops que instruem sobre cada etapa da produção. É uma forma de aumentar não somente a qualidade das peças, mas a capacidade de produzir de acordo com o cenário da moda íntima mundial", ressalta.
Juruaia é a maior produtora de lingerie do Estado, terceira maior do país, atrás apenas de Fortaleza, capital do Ceará, e de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. São cerca de 150 micros e pequenas empresas, incluindo confecções e fornecedores, que geram mais de 4 mil empregos diretos e indiretos, que representa 60% do PIB da cidade.
PATRÍCIA SANTOS DUMONT (Hoje em Dia)
Foto: Coleção Parfum - Laniclê Lingerie