Tecidos ecológicos e reciclagem de materiais ganham espaço nas empresas
Com 150 confecções de lingerie e outras tantas empresas que abastecem a área de moda íntima, Juruaia tornou-se polo do setor de lingerie em Minas Gerais e no País. Apesar de estar distante dos grandes centros industriais, os empresários da cidade mostram vocação para a indústria têxtil. Não se intimidam com as grandes empresas e tocam suas confecções com uma visão global sobre o mundo dos negócios.
Em meio a modelagens, designer, tendências de moda e crescimento, os empresários colocaram na pauta administrativa a preocupação com o meio ambiente. Preservar a natureza tornou-se essencial para a vida futura do planeta e as empresas estão cada vez mais voltadas para esse nicho. Em Juruaia, a empresária Rosana Marques, que trabalha há 15 anos com lingerie, faz o possível para não ficar apenas na retórica: aos poucos, introduz em suas produções tecidos como a Fibra de Bambu e a Ecofibra. A primeira é extraída do bambu, uma gramínea comestível pelos ursos pandas, cujo tecido é mais absorvente que o algodão, é antibacteriano e não amassa. Já a ecofibra é extraída de garrafas pet e, além de ecológico, é muito macio e durável.
“Cada peça confeccionada com a ecofibra, por exemplo, são três garrafas pet a menos no meio ambiente”, comenta Marques. “E a empresa vai além, ao promover reuniões e palestras com todos os seus colaboradores, sobre a conscientização e importância da preservação da natureza. Sempre digo a todos que cada um deve fazer sua parte para ajudar”, completa.
O empresário Márcio Del Vale Piza, cuja empresa de lingerie foi criada em 2007, também confecciona produtos com a fibra de bambu. “Esse tecido, mais conhecido como modal, é bem aceito pelos clientes, pois é muito confortável e é ecologicamente correto”, diz Piza. Já as sobras de tecidos, cujo destino normalmente são as lixeiras, ganham outro caminho: são doadas para a confecção de artesanatos, que transformam os restos de pano em, por exemplo, tapetes rústicos. “Já as caixas de papelão são vendidas para reciclagem”, completa Piza.
A reciclagem das embalagens de PVC, os sacos plásticos em que vão embaladas as peças, é meta de outra confecção da cidade. Os clientes devolvem os sacos de PVC e ganham pontos que, acumulados, se transformam em prêmios. “É uma forma de não só preservar a natureza, mas também de fidelizar o cliente”, comenta Júlio César Lara, empresário com 15 anos de mercado. O próximo passo da empresa é a conscientização junto aos colaboradores. A ideia é utilizar os próprios funcionários para fazer a coleta seletiva do lixo dentro da empresa e vender os materiais que são recicláveis – como caixas de papelão e garrafas pet. O dinheiro obtido com a venda desse material será repassado aos funcionários, que poderão utilizá-lo como quiserem. “Com esse programa poderemos manter nossa empresa mais limpa e organizada, os colaboradores ficarão satisfeitos e o planeta também irá agradecer”, completa Lara.
Mas não são somente as confecções de moda íntima que procuram fazer um trabalho sustentável. Empresa que investe em matéria-prima para as confecções, como a Minas Bojo, fabricante de bojos para sutiãs, também faz sua parte. Os retalhos que sobram na confecção são vendidos para empresas que trabalham com a fabricação de almofadas, bichos de pelúcia, travesseiros e edredons. A sobra é utilizada para o enchimento dessas peças. “É a maneira encontrada pela Minas Bojo de cuidar do meio ambiente”, comenta Ana Rachel Marques, proprietária da empresa.