Juruaia-MG: Capital Mineira da Lingerie
Nos últimos dez anos, Juruaia, com oito mil habitantes, trocou o jeito pacato de cidade do interior pelo vigor industrial. Hoje, o município é um exemplo de prosperidade. Com a ajuda do Sebrae, foi criado o Pólo de Confecção de Lingerie, que conta com a participação de 60 empresas.
Das máquinas de costura saem peças dos mais diversos modelos e cores, que atraem compradores em busca de bons negócios. A produção de lingerie em Juruaia começou há 14 anos, quando duas empresas do setor se instalaram na cidade em busca de incentivo fiscal. As empresas fecharam, mas as ex-funcionárias abriram suas próprias confecções e o pólo se desenvolveu. As mulheres da cidade, antes donas de casa, hoje são empresárias que comandam a economia local.
As irmãs Iolanda, Nilva e Cleusa Rezende são exemplos do empreendedorismo na cidade. Elas abriram uma confecção há dez anos e, depois disso, a vida delas nunca mais foi a mesma.
“Nós temos o nosso trabalho, então, temos pouco tempo para a casa, para os filhos, para o marido. Mas, conseguimos dar a volta por cima e, atualmente, a gente consegue conciliar as duas coisas”, conta Cleusa.
As empresárias começaram com duas máquinas de costura e, hoje, têm 30 funcionárias. Em Juruaia, quase não há desemprego e as mulheres deixam a zona rural para trabalhar nas fábricas. As três irmãs vendem 12 mil peças de lingerie por mês. Para chamar a atenção dos clientes é preciso inovar, afinal, novas confecções surgem na cidade todos os anos.
“Por ser um pólo de lingerie, mais pessoas vêm comprar na cidade. E quando os clientes não encontram o que desejam em uma confecção, vão procurar em outras lojas e isso é vantajoso”, opina Cleusa.
Para Cleiton Coutinho, gestor regional Sebrae em Minas Gerais, não há competição entre as várias lojas da região.
“E isso não causa competição entre elas, mas sim, faz com que as lojas se tornem uma referência. Esse é o nosso trabalho: fazer com que o setor se desenvolva”, diz Cleiton.
BENEFÍCIOS PARA TODOS
A matéria-prima para a produção das peças vem de São Paulo. Com ajuda do Sebrae, as confecções se associaram e compram em conjunto. Um grupo negocia direto com as fábricas e consegue descontos de até 30%!
“O fabricante tem condição de fazer um preço melhor e a gente tem condição de brigar com eles. Isso porque já estamos há dez anos no mercado. Então, não existe motivo para a gente continuar comprando no atacado”, argumenta o empresário João Carlos Iorio.
Juntos eles participam também de feiras de negócio e organizam todo ano um desfile para apresentar as novas coleções. Para aumentar o faturamento da empresa, Rosana Marques investe em design e aposta em peças mais ousadas. Um estilista cria os desenhos, que são inspirados nas tendências de moda e em novos materiais.
“A lingerie não é considerada só uma peça de baixo. Ela pode ser mostrada através de um decote, através de uma alça, uma cor diferente, uma transparência. A exigência se torna cada vez maior porque a lingerie hoje é moda”, fala Rosana.
A empresária vende lingerie na sua própria loja e recebe encomendas de clientes de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso. Ela produz 25 mil peças por mês e tem muito orgulho de ajudar no desenvolvimento de Juruaia.
“Nós somos uma cidade pequenininha, com oito mil habitantes, porém, muito empreendedora. As mulheres, principalmente, tomam a frente na cidade e estão conquistando seu espaço”, finaliza Rosana.