Juruaia: há 20 anos abastecendo o Brasil com que há de melhor em moda íntima
por Paola Tavares
Em 1991, há exatos 20 anos, uma reportagem do Jornal Hoje (Rede Globo) mudou toda a história de uma cidadezinha do interior de Minas Gerais. Naquele ano, Alencar assistia ao jornal em sua casa, em Goiânia, quando uma matéria lhe chamou a atenção. Na tela, Rubens de Almeida Lacerda, então prefeito de Juruaia, no sudoeste mineiro, aparecia dizendo que em sua cidade, os moradores eram isentos das taxas de iluminação e distribuição de água. Ele não pensou duas vezes: fez suas malas e, em poucos dias, aportava no interior de Minas com o projeto de uma confecção de moda íntima. Coisa simples. Um galpão, poucas máquinas e algumas costureiras. Apesar de boa, a ideia não vingou e em pouco tempo, a D’Alencar fechou suas portas e encerrou suas atividades. Entretanto, a sementinha já havia sido plantada. Era preciso esperar o momento da colheita. Ele chegou em 1997, com a queda do preço das sacas de café, motor da economia juruaiense. Os fazendeiros atolaram-se em dívidas e a cidade estava à beira da falência. Em meio ao caos em que Juruaia se encontrava, as antigas costureiras de Alencar resolveram seguir os passos do “mestre” e arriscaram as fichas no aprendizado de anos antes. O Brasil assistiu a uma das maiores viradas econômicas que se tem notícia. A partir daí, Juruaia transformou-se na capital mineira de lingerie, principal polo de moda íntima do estado e terceiro do país.
Atualmente, a cidadezinha de pouco mais de nove mil habitantes tem 163 confecções de moda íntima. São 700 mil peças produzidas todos os meses, mais de oito milhões por ano. Juruaia é responsável por 15% de toda a produção nacional de moda íntima. E mais de 90% de suas empresas são encabeçadas por mulheres. Grandes responsáveis pela virada econômica da cidade, é natural que as mulheres de Juruaia permanecessem no comando e à frente dos negócios. Também foi na gestão de uma mulher que a Associação Comercial e Industrial de Juruaia criou sua principal vitrine: a Felinju. Há 14 anos, Rosana Marques, proprietária da OuseUse Lingerie, entendeu que era preciso lançar luz à produção juruaiense. Era preciso um evento que reunisse público e confecções num único espaço, em que os lançamentos seriam apresentados, e grandes negócios fechados. Nascia a Feira de Lingerie de Juruaia, evento que movimenta mais de dez milhões de reais em quatro dias.
A Felinju tem como objetivo principal mostrar as coleções de inverno de moda íntima. São mais do que tendências: é uma mostra do poder de criatividade de uma cidade do interior. Claro, a Felinju é um evento que traz outras premissas junto à coleção de inverno: fomentar os negócios e aumentar ainda mais o desenvolvimento da cidade. Este ano, a Felinju acontece entre os dias 18 e 21 de abril e promete levar cerca de 25 mil pessoas à Juruaia, mais que o dobro da população da cidade. Clientes de todos os estados brasileiros, que vêm busca de novidades e bons negócios.