Procura-se vendedor, estilista e costureira no Sul de Minas
Emprego. Quase metade da população da cidade trabalha no setor, que importa moradores dos vizinhos
Juruaia, terceiro produtor de lingerie do Brasil, sofre falta de mão-de-obra
Procura-se costureira, estilista e vendedor, urgente.
A cidade de Juruaia, no Sul de Minas, é o terceiro maior pólo produtor de lingerie do país, mas sofre com a falta de mão-de-obra. Não é para menos, já que para atender a todo esse público, a população da cidade não é suficiente.
O município possui 9.000 habitantes, dos quais cerca de 45% trabalham nas 110 empresas do setor de lingerie do município. As placas de "procura-se" ou "precisa-se" são comuns por lá.
"Desde julho divulguei que precisava de três profissionais e até hoje só consegui um", reclama a empresária Vera de Piza Silva, há nove anos no mercado com a loja Sonho da Lua. E não é por falta de incentivos. Ela conta que é comum pagar comissão tanto para quem trabalha na produção como para as atendentes, como forma de estimular as vendas.
Os salários de costureira e vendedora variam entre R$ 440 e R$ 600, mas trabalhadoras da região dizem que conseguem sempre ganhar mais, por causa da comissão. "Tem mês que consigo ganhar até R$ 1.000", relata Fátima Aparecida Vila Nova, 24, que se mudou para a cidade em busca de emprego.
"Sou de Guaranésia, a 30 km de Juruaia, e na segunda semana aqui arranjei o emprego. Sabia que aqui era mais fácil", conta Fátima, que levou o marido e o filho e diz ter achado sua vocação. "Adoro lidar com as pessoas e aqui eu conheço gente de todo o país e até de fora", diz.
Fátima conhece gente de fora durante o trabalho porque Juruaia já entrou no mercado internacional. Várias lojas da cidade exportam as famosas lingeries brasileiras para países como Japão, Alemanha, Itália e Estados Unidos.
A empresária Letícia Fabiana Alves, 22, é uma delas. Com apenas três anos de existência, a marca Doce Paixão é vendida para fora do Brasil e também para os Estados da Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Sacoleiros. "Nós temos representantes e sacoleiros nesses lugares, que revendem nossa produção", explica a proprietária. Segundo Daniel Marques, noivo - e sócio de de Letícia, principal incentivador de sua entrada no negócio -, a loja e a fábrica apresentam crescimento mensal de cerca de 30%.
Já o faturamento da Sonho da Lula, de Vera Lúcia, cresce em ritmo menor: cerca de 10% ao ano. A explicação, segundo ela, está na mão-de-obra escassa. "Eu não consigo aumentar minha produção por causa da falta de trabalhadores e, com isso, meu faturamento passou a ficar mais estável nos últimos anos", afirma.
A fábrica também não tem estilista porque falta no mercado local. "Se tivesse opção seria ótimo. Aqui nós contratamos alguém periodicamente. No restante das vezes nós mesmos produzimos", explica Vera Lúcia, ao dizer que toda a criação é feita com base em pesquisa direta com os clientes. Os estilistas da cidade ganham cerca de R$ 1.200 para uma coleção de 12 peças.
É o caso de Silvana Laís da Silva, 20. Ela é de Nova Resende, que fica a meia hora do pólo. “As boas oportunidades incentivaram a minha vinda para cá. Aqui também ganha-se melhor”, confessa Silvana, que se mudou há dois anos e meio.
Ela conta que quando saiu da primeira fábrica onde trabalhou em Juruaia pensou em voltar para a cidade natal, mas em pouco tempo surgiu outra oportunidade e ela mudou de idéia. “Não passou nem dois meses e fui empregada novamente”, contenta-se.
Com comissão, ela ganha cerca de R$ 700 por mês. “Adorei vender e pretendo me aperfeiçoar nessa área para continuar crescendo”, conclui.
O gerente administrativo da Associação Comercial de Juruaia, Edgar Bardy, informa que cada casa da cidade possui pelo menos uma pessoa empregada no setor.
O crescimento se deve ao empreendedorismo das mulheres. Segundo Edgar Bardy, gerente da Associção Comercial da cidade, a maior parte dos empresários é mulher. “Foram elas que deram início ao processo produtivo e se destacaram porque se preocupam em fazer um produto com qualidade”, afirma.
Já na mão-de-obra, os homens começam a ocupar espaço. “A demanda está tão grande que já é comum encontrar homens atuando na produção”.
Diego Evangelista da silva é um deles. Com 18 anos, trocou o trabalho em uma padaria por um posto de costureiro, sem nunca ter tido experiência. “O que compensa é a segurança e tranquilidade que tenho como costureiro. Tenho horário fixo e ainda ganho mais”, relata.
O evento acontece há quatro anos e deve negociar mais de R$ 1,5 milhão – valor comercializado em 2007. No país, o município mineiro responde por 10% das peças.
Os produtos da exposição variam entre lingeries na linha básica, sensual e camisolas, pijamas, moda praia e roupas de ginástica.
Vera Lúcia Silva, proprietária da Sonho da Lua, diz que o evento aquece as vendas para todos. E dá a dica para os interessados: “Como o evento acontece nas próprias lojas, cada empresário aproveita para fazer lançamentos e oferecer um atrativo, como ofertas especiais”.