Confecções de Juruaia apostam no e-commerce para vencer a pandemia: 'União virtual'
Mais de 90% das confecções da cidade já trabalham com vendas pela internet; expectativa é que até o início da feira, todas as empresas tenham seu espaço de venda.
Daniel Marques e a esposa Letícia já concentram grande parte das vendas da empresa pela internet
A 23ª edição da Felinju será realizada entre os dias 1º e 5 de junho. Ao contrário das outras edições, esta será totalmente online. Uma forma encontrada para a realização do evento em meio à pandemia do novo coronavírus.
A Felinju é tradição em Juruaia e no mercado da moda íntima. Os expositores esperam todos os anos por esta data. É nela onde acontecem lançamentos de coleções e principalmente, o contato com os novos clientes. Em 2019, mais de 20 mil pessoas passaram pela Feira durante os três dias de evento.
Mas neste ano, a feira quase não aconteceu. Em 11 de março, a Organização Mundial de Saúde declarou a pandemia do novo coronavírus. Pouco tempo depois as cidades brasileiras decretaram o fechamento do comercio e a Felinju, assim como outros eventos, foi adiada sem perspectiva de realização ainda neste primeiro semestre. Foi neste momento, quando as lojas físicas estavam fechadas, que as vendas online se fortaleceram e abriram os olhos da organização para um novo formato.
Com o tema “Os bons negócios estão conectados”, a Feira Online foi organizada em tempo recorde. “Nós vamos utilizar as plataformas que as lojas já possuem. Na realidade é por isso que estamos conseguindo fazer a Felinju em tempo tão curto. Se fosse preciso começar algo do zero, o evento não poderia ser realizado na data que vai acontecer. O projeto está acontecendo em 21 dias”, afirma José Antonio da Silva, presidente da Associação Comercial e Industrial de Juruaia.
O evento só será possível porque cerca de 90% dos comerciantes já haviam aderido às vendas online antes da pandemia. Este movimento, que surgiu em 2010 com as primeiras vendas pelo e-commerce, proporcionou a organização da feira em menos de 30 dias.
Antes da pandemia, 90% das lojas de lingerie de Juruaia já utilizavam e-commerce para suas vendas. A iniciativa da Associação Comercial surgiu em 2010 e teve apoio da empresa onde os sites estão hospedados. São mais de cem lojas virtuais e todas possuem programação padronizada, mas segundo o presidente da ACIJU, cada loja pode personalizar sua página.
“Quem quiser participar da Felinju Online basta acessar o site oficial ww.felinjuonline.com.br. Lá as pessoas terão acesso às informações iniciais e ao credenciamento. Além disso, elas poderão visitar as lojas em ambiente virtual e conhecer as novas coleções de cada uma delas e ainda assistir a desfiles, cursos e palestras. A Felinju é aberta tanto para o varejo como para o atacado”, explica José.
Daniel Marques é diretor de uma das primeiras empresas a aderirem ao e-commerce em 2010. Vindo de uma família de empreendedores, ele e a esposa Letícia abriram seu próprio negócio há 15 anos e há 13 participam da Felinju. Para ele, ao longo dos anos o faturamento online já era maior do que o presencial e esta edição da Feira 100% online é o reflexo disso.
“Não foi a Felinju Online que possibilitou a nossa entrada no e-commerce. Foi a nossa união virtual que possibilitou a Felinju Online neste ano. Não tem melhor lugar hoje para fazer negócios do que na internet”, afirma.
Ainda de acordo com ele, sem a Felinju e sem atitude empreendedora, o prejuízo de sua marca estava calculado em 80%, mas com a união destes dois fatores, a expectativa é de um crescimento de vendas de 20 a 30% em meio a pandemia.
“Eu gosto de inovar. Eu sempre vejo esse ambiente de negócio, de marca, com um olhar clínico. Se neste momento nós estamos voltados para o e-commerce, eu já quero estar pensando em novas possibilidades. Essa é uma característica do meu negócio”, conta Daniel.
E-commerce durante a pandemia
Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, mais de 30% dos pequenos negócios mineiros estão apostando nas vendas online para driblar a crise. A pesquisa mostra como os empreendedores estão se adaptando ao cenário criado pelo novo coronavírus no Brasil e no mundo.
Além de possibilitar a venda em períodos como o que estamos vivendo, a Analista do Sebrae Minas, Amanda Cezário, listou outros benefícios da venda online.
“Os benefícios são inúmeros, mas podemos citar a redução de custo, uma vez que com uma loja virtual o empresário pode publicar de casa e reduzir gastos como água e luz. Além disso, você pode atingir um público maior do que aquele que poderia ir presencialmente ao seu negócio e também há uma maior possibilidade de interação com estes clientes”.
Em Juruaia, mas de 90% das empresas já são adeptas às vendas online e a expectativa é que até o início da Felinju, 100% delas possuam seu e-commerce.
“Já temos novas adesões ao sistema de vendas online e também a feira digital. Algumas empresas que não iriam participar do evento presencial optaram por participar desta edição online. Nossa expectativa é que nos próximos dias 100% das lojas de toda a cidade já estejam com seu e-commerce”, conta o presidente da associação.
Felinju 2020
A 23ª edição da Felinju acontece entre os dias 1º e 5 de junho e pela primeira vez será 100% online. O evento contará com cursos, palestras, desfiles e uma amostra das coleções de cada expositor. O tema deste ano é “Os bons negócios estão conectados”.
Fonte: G1 Sul de Minas