Cenário mais atraente para os negócios de Moda Íntima
Fabricantes de lingeries em Juruaia comemoram aumento nos lucros e maior poder de negociação com a formação de grupo
A moda íntima em seus diferentes estilos é referência em Juruaia, no Sul de Minas. As peças femininas e masculinas são produzidas por empresários, que viram no setor um futuro promissor. Não estavam errados. A fabricação de moda íntima tem gerado bons frutos, mas o que eles ainda não sabiam, até bem pouco tempo, é que a união de suas empresas poderia trazer um resultado ainda melhor. Há dois anos, 17 fabricantes de lingerie aceitaram o desafio de formar uma Central de Negócios orientada pelo SEBRAE-MG. Desde então, têm experimentado uma economia de cerca de 20% na compra da matéria-prima, o que, no final do mês, equivale a um ganho que varia entre R$1.000 e R$ 3.000, para cada empresa.
Rosana Marques é umas das empresárias da Central. Ela conta que quando a proposta da união foi lançada, a maioria dos fabricantes não acreditou que a ideia pudesse dar certo. “No início não estávamos confiantes, mas depois vimos que era um trabalho sério e que só tem dado certo”, lembra. A dificuldade de compartilhar propostas com outros empresários, antes vistos apenas como concorrentes, foi um dos desafios no começo. O empresário João Carlos de Iorio conta que outras experiências frustradas também o deixaram desconfiado na época da formação do grupo.
“Não acreditei porque já tinha tentado três vezes e não deu certo. Mas é porque não havíamos tido uma ajuda efetiva como a do SEBRAE-MG. Sempre alguém procurava apenas por interesse próprio”, afirma.
Superadas as desconfianças, o grupo se firmou e começou a fazer reuniões com a orientação de um consultor do SEBRAE-MG. Nos encontros, os empresários discutiam propostas em conjunto e assim a estruturação da Central passou a se consolidar. Foram definidas seis comissões: comercial; de ética; de finanças; de qualidade e procedimentos, a de marketing e de recursos humanos. Todas compostas e lideradas pelos membros da Central. Além das reuniões, os líderes das empresas e seus funcionários receberam diversos cursos técnicos na área de produção, como os de costura, design e qualidade. O grupo também ganhou uma identidade própria: Toque Brasil.
Fazendo compras dos tecidos em conjunto, os empresários perceberam que a despesa era muito menor. Além dos preços mais em conta, eles agora dispõem de “brindes” como o frete a custo zero. João Carlos lembra que os próprios fornecedores despertaram para a vantagem de negociar produtos e preços diretamente com o grupo. “Ao invés de ir de um em um, os fornecedores fazem questão de procurar a Central porque sabem que o volume de pedidos é bem maior”, diz.
“Eu não sabia exigir e pressionar fornecedor. Comprava pelo preço que era estabelecido por eles. Também não sabia fazer uma cotação bem feita e comparada.
Hoje, conseguimos preços que nunca imaginaríamos conseguir”, exemplifica a empresária Rosana. Ela lembra que já na primeira compra em conjunto os empresários do grupo tiveram uma grande surpresa. O resultado, diz, foi bom o suficiente para derrubar qualquer clima de desconfiança que existia na época. “Na primeira compra, o tactel, que antes adquiríamos por R$ 42 o metro caiu para R$ 36.”
Além do ganho econômico, a união das empresas trouxe outro resultado importante para os fabricantes de moda íntima em Juruaia: a troca de experiências. “Os problemas que passamos são muito parecidos. Juntos, debatemos para saber o que devemos fazer”, conta João Carlos. Para Rosana, a parceria a deixa mais segura para administrar a própria empresa. “É bom ficarmos juntos para trocar ideias e saber que o problema de um é igual ao de todos”, diz.
Com economias nas compras de matéria-prima, aumento no faturamento e orientações sobre como gerenciar o próprio negócio, os produtores de moda íntima de Juruaia se viram em condições de dar passos ainda maiores. Em julho deste ano a Toque Brasil participou do Salão Moda Brasil, em São Paulo, junto com mais de 400 expositores. João Carlos explica que só conseguiu ir ao evento porque, por meio da Central, o preço cobrado para a participação na exposição passou de R$ 10 mil para R$ 3.500. Tanto sucesso só poderia ser conquistado por uma equipe que trabalha com muita organização e disciplina. Hoje, segundo os membros do grupo, três empresas da região, estão na fila para se filiar à Central.
Festa da Lingerie
O grupo forte com fabricantes de peças de moda íntima, que tem variedade e qualidade, não poderia resultar em outra coisa que não fosse a atração de visitantes e investimento para a cidade. Um exemplo disso foi a Festa da Lingerie, que este ano aconteceu no início de setembro em Juruaia. O evento, tradicional na cidade, teve grande participação dos empresários da Central, que segundo Rosana, encerraram a festa com um aumento de 40% nas vendas.
Com economia nos gastos, ganhos significativos, novas oportunidades de negócios e compartilhamento de experiências, a Central de Negócios de moda íntima em Juruaia é considerada um sucesso. A inauguração oficial da entidade deve acontecer ainda neste mês, mas as reuniões não param. A cada encontro, os participantes discutem o que vem sendo feito e novas propostas surgem. “Hoje o grupo é sólido, compromissado e todo mundo está bem fortalecido. “Na Central a gente ganha amadurecimento. Aprende a planejar melhor e vende mais”, confirma Rosana.
Fonte: Centrais de Negócios 2009 - Sebrae-MG